Não há como navegar em turbulentas águas do grande oceano da vida sem seguir o mapa de navegação e conhecer as variações das marés.
A metáfora retrata a necessidade do real preparo a fim de atravessar o mar da existência humana. Uma vida é uma experiência para outra vida e assim sucessivamente até que a alma alcance plena libertação.
No Bhagavad Gita, (literatura clássica indiana) Krishna menciona a Arjuna (seu devoto) que para a alma obtenha plena liberação pelo conhecimento, prática e devoção, deve-se mantem em Samsara – fluxo incessante de renascimentos entre os mundos, experimentado pelos seres sencientes e necessário a evolução.
A metáfora da aventura marítima que representa a vida, há tempestades e muitas outras adversidades. Se bem suportadas, trazem a esperada bonanza.
Uma vida é uma experiência para outra vida e assim sucessivamente até que a alma alcance plena libertação.
A jornada de Ulisses
Na história do poderoso e invencível Ulisses, em Ítaca, após sair vitorioso na Guerra de Tróia, o general volta ao reino onde é aguardado pela rainha Penélope e o seu filho – que na travessia do grande mar, quis ouvir o canto das sereias.
Ulisses sabia da impossibilidade de resistir à melodia das ardilosas musas marítimas – que buscavam atrair, valendo-se da natureza frágil, os marinheiros. Estes, depois de longos períodos em alto-mar – momento em que estavam subjugados, destruídos e suscetíveis a serem devorados sem piedade.
O general ciente da limitação cognitiva, ordenou vedar com cera os ouvidos de toda a tripulação, e mesmo ele, poderoso comandante, fosse amarrado ao mastro do próprio navio. Quando as sereias surgiram, rapidamente convenceram-no de que estava tudo bem e que poderia se aproximar.
Tudo o que é material é efêmero e impermanente.
Crédulo e cada vez mais desesperado pela liberdade, Ulisses ordenou a tripulação que o desamarrasse. Em condições habituais, um general não poderia tolerar ser contrariado por sua tripulação, a não ser que essa estivesse impedida de ouvi-lo.
Conforme o navio foi ganhando distância, as vozes sedutoras sumiam. O general recobrou a consciência plena e percebeu o quanto a atitude de se amarrar fora realmente a mais acertada e salvadora.
O mastro a que apoiou o general é o mastro das virtudes – no qual se deve ancorar e vencer os enganos constantes proporcionados pela vida, que podem iludir e machucar. Tudo o que é material é efêmero e impermanente. Nesse contexto, coisas e pessoas.
Pelo conhecimento Ulisses pode se precaver da ilusão que levaria toda a tripulação à uma derrocada.
O conhecimento sobre a vida espiritual é a única forma de se elevar a uma trajetória tranquila, sem trancos, apesar dos trancos. Sem agonias, apesar dos sofrimentos. Quanto maior o conhecimento, mais alma, menos corpo. Portanto, menor vulnerabilidade perante o canto das sereias.
Marli Cintra é fundadora do @colegiocertus e co-fundadora do @bodygameoficial.
Escreve sobre Consciência espiritual e Equilíbrio existencial no @sattvabox.
